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Bianchi faz duras críticas a Pimenta da Veiga à CPI dos Correios

Brasília - Presidente dos Correios durante um ano e meio do governo Fernando Henrique Cardoso, o engenheiro Egídio Bianchi, vice-presidente do Comitê de Finanças da campanha do PSDB de 1998, fez duras críticas à atuação do também tucano Pimenta da Veiga no Ministério das Comunicações, em depoimento à CPI dos Correios.

Questionado na maior parte do tempo por parlamentares petistas, Bianchi disse que, durante sua gestão na estatal, quando Pimenta era ministro, a maior parte dos recursos de patrocínio foi direcionada a projetos em Minas Gerais, terra do ex-ministro. O engenheiro, que apontou Pimenta como "um político antigo", disse ainda que o desafeto não se empenhou pela aprovação, no Congresso, da Lei Postal, que acabou não saindo do papel.

Na visão de Bianchi, a lei foi inviabilizada por "lobbies empresariais e das franquias dos Correios". Ele disse ainda que Pimenta trabalhou para esvaziar as agências reguladoras. "O ministro Pimenta da Veiga não teve a grandeza técnica e política de entender as necessidades do setor. Se insurgiu contra as agências reguladoras (...), não foi feliz na área postal (...), fez política com p minúsculo e a reforma postal foi para o brejo", disse Bianchi aos parlamentares.

O ex-presidente depôs na sub-relatoria coordenada pelo deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), que investiga supostas ilegalidades em contratos firmados pelos Correios, neste e em outros governos. O motivo inicial da investigação da CPI dos Correios foi o flagrante de um ex-chefe de setor, Maurício Marinho, recebendo propina de R$ 3 mil. O episódio resultou na série de denúncias de corrupção envolvendo o governo federal e o PT feitas pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Egídio Bianchi disse que a distribuição de franquias dos Correios para políticos "era voz corrente no setor" e que "há indícios" da existência de laranjas que assumiam o comando das agências terceirizadas no lugar de parlamentares. Ele lembrou que a distribuição das franquias foi feita em 1990, durante o governo Fernando Collor, com duração de dez anos.

Em 2002, o Congresso aprovou a renovação da concessão por mais cinco anos. Bianchi era contrário à prorrogação e criticou o substitutivo do deputado Marcelo Barbieri (PMDB-SP). "Minha interpretação é que atendia a lobbies empresariais, das empresas de encomendas internacionais, que se insurgiram contra o fato de haver uma regulamentação no setor. Havia também as empresas de motoboys, que pretendíamos submeter à regulação. E as franquias, que queriam mais dez anos. Levaram mais cinco anos", disse Bianchi.

O ex-presidente dos Correios afirmou que Pimenta concordava com o ponto de vista de Barbieri. Disse ainda que o ex-ministro pediu explicações quando os Correios suspenderam contrato com a Vasp. Em uma versão bem mais amena do que as entrevistas que deu depois de ser demitido por Pimenta da Veiga, em julho de 2000, Bianchi disse que o ex-ministro "acolhia opiniões" de empresários contrariados. Vários trechos de entrevistas de Bianchi na época foram lidos pelos parlamentares da oposição. "Eu estava estressado na época. Ele atribuiu a demissão a divergências administrativas. Achei aquilo pobre, uma hipocrisia, e fiquei estressado", contou.

Durante uma hora, o líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP) acompanhou o depoimento de Bianchi. "Houve um lobby interno no Congresso, não tem nada a ver com o Executivo", disse, defendendo o governo tucano.

Bianchi disse que não ter conhecimento sobre qualquer doação ao PSDB por meio de caixa 2. Também negou ter elaborado uma planilha, divulgada depois de sua demissão, com uma série de doações à campanha tucana não declaradas à Justiça Eleitoral.

No momento em que Cardozo questionava Bianchi sobre as planilhas, o deputado tucano Sílvio Torres(SP) pediu a palavra e protestou. "Me parece muito claro que Vossa Excelência está entrando no campo da campanha de 1998 e no campo de caixa 2 de outras campanhas. Não entendo onde o senhor que chegar, citando estas planilhas", disse Torres. "Estou verificando se houve desvio de recursos públicos para campanhas, quaisquer que sejam", respondeu Cardozo.

 
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