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Brasil precisa crescer 5,4% só para conter desemprego

São Paulo - O desemprego não deverá dar trégua em 2009, mesmo que o País consiga crescer os 4% esperados pelo governo. Só para abrigar as 3,2 milhões de pessoas que normalmente entram no mercado de trabalho, o Produto Interno Bruto (PIB) precisaria aumentar 4,7%. Além do número maior de pessoas disputando vagas, o mercado perde anualmente 460 mil vagas, que são fechadas por força de ganhos de produtividade e inovação tecnológica no campo e nas cidades. Para garantir a abertura dos 3,6 milhões de empregos necessários para deter o avanço da desocupação, a economia teria de crescer 5,4%.

Os números são de um levantamento feito a pedido do Estado pelo economista Márcio Pochmann, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao período de 1995 a 2005 (último dado disponível). Pelas contas do economista, para cada ponto porcentual de aumento no PIB atualizado pelo IBGE são criadas 677 mil ocupações no País.

O estudo abrange os estragos no emprego feitos pela taxa de câmbio sobrevalorizada na segunda metade dos anos 90, quando Gustavo Franco era o presidente do Banco Central, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Naquela época, R$ 1 chegou a equivaler a US$ 0,80. 'Na medida em que o câmbio continua sobrevalorizado, a pressão por destruição de empregos é maior', diz Pochmann.

Para ele, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo governo, é importante, porém insuficiente. 'A proposta do PAC é dobrar o investimento público, de 0,5% para 1% do PIB, o que é pouco comparado com o registrado na época do milagre econômico, nos anos 70, quando o País crescia de 6% a 7% ao ano e o investimento público representava entre 4% e 5% do PIB.'

Segundo o economista, o País só vai conseguir mudar o quadro de desemprego se crescer acima de 5% ao ano de forma sustentável. Nos últimos 25 anos, o PIB teve crescimento médio anual abaixo de 3%. A situação fica ainda mais complicada porque, em setores cujos negócios estão mais aquecidos, muitas fábricas ainda trabalham com ociosidade.

A fabricante de revestimentos cerâmicos Eliane, líder de vendas no País, com faturamento anual de R$ 600 milhões, prevê aumento de 8,5% nas vendas. Apesar disso, não tem planos de contratações, segundo o diretor-comercial, Antonio Carlos Loução. 'Temos condições de sustentar o crescimento das vendas sem fazer novos investimentos ou contratações.'

São Paulo - Metade dos beneficiados por programas oficiais trabalha, mas tem renda insuficiente. Trabalhar no Brasil não garante o sustento para cerca de 20 milhões de pessoas, segundo estudo divulgado pelo IBGE.
Do total de brasileiros beneficiados por dinheiro do programa social do governo federal - estimado em 39 milhões em 2004 -, 52% têm algum tipo de ocupação e, desses, 33% com carteira assinada. Mais do que o desemprego, o problema do Brasil é a qualidade do emprego;, disse a este jornal Marcelo Néri, da FGV.
Temos pessoas que não deveriam estar trabalhando, como crianças, observou o presidente do IBGE, Eduardo Nunes. Os programas sociais foram responsáveis por cerca de um quarto da redução da desigualdade entre 2001 e 2004, mas os impactos da transferência de renda na economia não são significativos na maior parte do Brasil, segundo o Ipea. Hoje, atendendo a mais de 11 milhões de pessoas, os programas sociais não atingem 1% do PIB.

 
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