Brasília - A Mesa da Câmara dos Deputados decidiu hoje, por unanimidade, remeter ao Conselho de Ética o pedido de abertura de processo contra os 17 deputados denunciados pelo relatório conjunto das CPIs dos Correios e do Mensalão.
Os parlamentares que renunciarem até as 12 horas de amanhã, quando o Conselho deve receber a documentação com o sinal verde da Mesa, escapam da cassação e, dessa forma, podem concorrer nas eleições do próximo ano, sem qualquer prejuízo.
Os deputados petistas Professor Luizinho (SP), João Paulo Cunha (SP) e Paulo Rocha (SP) tentaram impedir a abertura imediata do processo alegando que não tiveram chance de se defender, mas a Mesa não aceitou o recurso com o argumento que os parlamentares terão todo espaço para se explicarem no Conselho de Ética.
Alguns integrantes da Mesa vacilaram e pensaram em acatar o pedido dos colegas, mas no final foram convencidos de que isso seria interpretado como uma tática para retardar o processo. "Acolhemos o parecer do corregedor e não fizemos qualquer juízo de valor. Isso será feito no lugar adequado, que é o Conselho de Ética", disse o 1º vice-presidente da Câmara, deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL).
Assim que o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), receber os documentos da Mesa, por volta do meio dia de amanhã, os deputados acusados não podem mais renunciar para evitar a cassação. Inicialmente, 18 deputados foram denunciados pelas CPIs, mas um deles, Carlos (ex-Bispo) Rodrigues (PL-RJ), já renunciou.
Solidariedade
Os deputados da Mesa também aprovaram nota de solidariedade ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), acusado de cobrar propina do dono do restaurante da Casa, Sebastião Buani. O texto foi proposto originalmente pelo 4º secretário da Mesa, deputado João Caldas (PL-AL), mas seu tom de "apoio" foi suavizado para não dar a impressão de total cumplicidade.