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Planalto se desgasta para ganhar tempo na gestão da crise

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para a Guatemala informado de que levou um novo tombo de imagem perante a opinião pública, segundo os números preliminares da pesquisa CNT/Sensus que será divulgada hoje. A reação do eleitorado preocupa o governo, mas por ter se tornado previsível na conjuntura de crise, deixou de ser a maior fonte de intranqüilidade do Palácio do Planalto.

A curtíssimo prazo, os articuladores de Lula estão empenhados em empurrar para uma data futura, o mais distante possível, a solução do caso do mensalinho, protagonizado pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Sustenta-se que a crise interna da Câmara veio em boa hora, porque divide o noticiário e ameniza os efeitos do escândalo político.

O governo imagina que o desgaste provocado pela crise poderá ser superado, até o final do ano, pelas boas notícias esperadas no setor econômico, especialmente depois de o Banco Central iniciar o programa de redução gradual da taxa básica de juros.

A estratégia pode naufragar diante dos fatos que se acumulam em alta velocidade, comprometendo o mandato e a permanência de Severino no cargo. Além disso, o adiamento de soluções terminará por adiar igualmente o desfecho da crise. O risco que o governo corre é o de entrar em 2006 ainda às voltas com as investigações das CPIs.

O Planalto opera, nesse aspecto, com os fatos do dia a dia. Por isso agiu fortemente, ontem, para impedir que a bancada do PT apoiasse a abertura do processo contra Severino no Conselho de Ética, a ser apresentado por um grupo de partidos oposicionistas.

As lideranças petistas foram obrigadas a recuar na disposição de alinhar-se às oposições sob o argumento de que é preciso aguardar as investigações da Polícia Federal. Mas ontem à noite mesmo, logo depois da reunião da bancada petista, o delegado da PF, Sérgio Menezes, disse que já existem indícios suficientes para que o presidente da Câmara seja investigado. Por esse motivo, o caso deverá ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois Severino tem direito a foro privilegiado.

Na realidade, não parece existir nada capaz de evitar o processo de cassação do mandato do presidente da Câmara. A tentativa palaciana de sustentar Severino tenderá, assim, a se tornar mais uma fonte de desgaste para Lula e seu governo. Na melhor das hipóteses, ele e o PT serão responsabilizados por ajudarem a manter no cargo um parlamentar acusado de corrupção em processos no Conselho de Ética e no Supremo Tribunal.

 
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