Contratados vivem situação de risco, diz psicóloga da Febem

São Paulo - Sandra Aparecida de Souza, psicóloga contratada no último dia 12 de fevereiro como educadora social para trabalhar na Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem), disse que a realidade dentro do Complexo Franco da Rocha, na Grande São Paulo, é bem diferente do que chega à imprensa. Ela sai de casa todos os dias e, segundo diz, não tem a menor garantia de segurança para trabalhar com os adolescentes.

Segundo Sandra, o governo do Estado a contratou exigindo formação superior para que ela pudesse lidar com os internos, mas, na prática, a função dela dentro do complexo é de alto risco. "Isso ninguém sabe, mas na última rebelião, de segunda-feira, os internos da unidade 29 fizeram um buraco no muro que dá acesso à unidade 25. É buraco para tudo quanto é lado. É um tal de menor indo de lá para cá toda hora", relata a funcionária.

Chorando, a psicóloga disse que a imprensa não sabe quase nada sobre o que realmente ocorre lá dentro. "Os menores queimaram todos os colchões que estavam no almoxarifado e agora exigem a reposição desse material para que os buracos sejam tapados." Ao ser indagada sobre o motivo de a direção da Febem não ter consertado os buracos até agora, a educadora disse que eles (funcionários) têm medo de uma "represália" dos internos. " São 196 adolescentes, eu sou uma psicóloga mas não tenho a menor condição de lidar com essa gente; nós viramos reféns deles, temos de levá-los para tomar banho. Eu já estou quase tendo um enfarte", desabafou.

Outro buraco foi feito em um muro da unidade 21, contou. Quem passa por esse muro tem acesso aos prédios técnico e administrativo. Sandra disse ainda que a qualquer instante a "ala dos seguros", onde estão os internos jurados de morte pelos demais, poderá ser invadida. "Neste momento em que eu falo com você, já estou em casa, graças a Deus", finalizou Sandra.