Anapu, Pará - O general Jairo Cesar Nass, comandante da Operação Pacajá, destinada à prisão dos assassinos da irmã Dorothy Stang e ao desarmamento na Região do Meio, na área central do Pará, informou que, além dos conflitos de terras, há também quadrilhas organizadas atuando na região.
Essas quadrilhas, segundo o general, agem com o maior atrevimento à margem da lei e têm o hábito de resolver seus problemas mediante intimidação e assassinatos, criando dificuldades para segurança pública na região.
As quadrilhas estariam envolvidas com corte ilegal de madeira, garimpo indiscriminado, queimadas e outras agressões ao meio ambiente. Nass disse que se trata de uma região de potencial explosivo e que o Exército dará todo suporte necessário às ações da Polícias Federal, Civil e Militar para desmantelar essas quadrilhas.
O general informou que cerca de 700 homens do Exército já estão em operação na Região do Meio e que, nos próximos dias, com a chegada de nossos contingentes, se completará o total de aproximadamente 3.000 homens da Força, que atuarão espalhados por oito municípios nos quais as quadrilhas estariam atuando.
Ele admitiu que ambiente de trabalho é adverso, envolvendo grandes dificuldades de deslocamento, mas ponderou: "Nossa missão é minimizar essa dificuldade. Nosso esforço será direcionado para que os órgãos policiais, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tenham plenas condições de realizar seu trabalho".
Segundo o general Nass, o assassinado da freira Dorothy Stang talvez seja apenas a "ponta de um iceberg" dessa situação conflituosa, que resulta da impunidade até aqui existente. "Essas quadrilhas são formadas por elementos de fora dali, agindo pelos interesses dos madeireiros e de outros envolvidos na luta pela terra e pelos garimpos ilegais", afirmou. "Eles criaram entidades de representação e grupos armados que não têm escrúpulos para alcançar seus fins".
Hoje pela manhã, foi celebrada, em Anapu, a missa de 7º dia pelo morte da irmã Dorothy, assassinada sábado passado com seis tiros, numa emboscada quando visitava um assentamento de trabalhadores rurais.