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Clodoaldo sai de Atenas com 6 de ouro

Atenas - A natação brasileira encerrou nesta segunda-feira a sua participação na Paraolimpíada de Atenas do mesmo modo que começou: com Clodoaldo Francisco da Silva erguendo os braços e comemorando no ponto mais alto do pódio.

Nesta segunda-feira, último dia de competições da natação e penúltimo dos Jogos, Clodoaldo abusou: levou o ouro nos 50 metros livre - melhorando em quase um segundo o recorde mundial que já era seu - e, duas horas depois, foi decisivo para que o Brasil conquistasse o ouro no revezamento 4x50 metros medley - ele foi o último a cair na água e levou a medalha junto com Francisco de Assis Avelino, Adriano Gomes de Lima e Luiz Silva.

Com os resultados desta segunda-feira, Clodoaldo alcançou a impressionante marca de 6 medalhas de ouro e uma de prata na Paraolimpíada de Atenas. O que já provocou a comparação com o nadador norte-americano Michael Phelps, que também levou 6 de ouro, além de 2 de bronze, nos Jogos Olímpicos, disputados em agosto.

E o Brasil, depois dessa performance incrível de Clodoaldo, já soma 32 medalhas em Atenas, na melhor atuação de sua história nas paraolimpíadas. Até agora, foram 13 de ouro, 12 de prata e 7 de bronze - ocupa a 15ª colocação na classificação geral dos Jogos.

Choro - Além da incrível capacidade para nadar em alta velocidade, Clodoaldo vinha impressionando pela frieza antes, durante e depois das provas. Medalhas, elogios, recordes, nada parecia abalá-lo. Mesmo depois de levar o quinto ouro em Atenas, nos 50 metros livre (35s41, novo recorde mundial), não demonstrou grande emoção. "Gente, não vou poder conversar muito com vocês. Daqui a pouquinho tenho de nadar os 4x50 medley com a rapaziada, me desculpem, por favor", disse o nadador, acelerando sua cadeira de rodas.

Depois do ouro no revezamento, no entanto, o grande campeão desatou a chorar, abraçado com os companheiros. ‘Clodoágua’, como é chamado na equipe brasileira, mostrou que não é de gelo. "Minha emoção é muito mais pelos companheiros do que pelo ouro. Só nós sabemos o que passamos para chegar até aqui. Abrimos mão de muita coisa, nos dedicamos ao máximo e agora estamos recebendo o nosso prêmio. É muita emoção", afirmou Clodoaldo, entre soluços.

Ajudar a conquistar o ouro parecia ser a homenagem que ele queria fazer à equipe. Aos 25 anos, Clodoaldo Francisco da Silva, um jovem de Natal que usou a natação como forma de terapia - ele sofreu paralisia cerebral ao nascer e praticamente não tem movimento nas pernas -, é considerado um fenômeno da natação paraolímpica. "Só de nadar ao lado dele já é uma vitória" , disse Francisco Avelino, uma vítima da pólio aos 9 meses de idade.

Assim que terminou a prova, Francisco Avelino chamou Luiz e Adriano para, juntos, darem um abraço no companheiro. "Clodô é o mais sério e mais profissional atleta do paraolimpismo brasileiro. Tínhamos a certeza de que ele nos ajudaria muito na prova de hoje", contou Francisco Avelino. A equipe brasileira superou as fortes Espanha e Japão e, com o tempo de 2m37s46, bateu o recorde paraolímpico do 4x50 metros.

Volta à rotina - Recuperado da emoção, Clodoaldo foi rápido e objetivo quando teve de responder à inevitável pergunta de como fica o seu futuro e o do desporto paraolímpico no Brasil após os Jogos de Atenas. "Acabou a Paraolimpíada. Amanhã, volto a ser o Clodoaldo de sempre."

Clodoaldo Francisco da Silva mora num bairro afastado do centro de Natal e toma oito ônibus para poder ir treinar diariamente. Sobrevive com os pouco mais de R$ 4 mil da bolsa e da ajuda de custo que recebe do Comitê Paraolímpico Brasileiro como membro da equipe nacional e medalhista de ouro.

 
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