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Coronel que prendeu Genoino é expulso da CPI

Celso Junior/AE
Ditadura: Bolsonaro chega com o coronel Lício; Lando expulsa o militar; e Genoino apenas observa
Brasília - O depoimento do ex-presidente do PT, José Genoino, na CPI do Mensalão foi marcado por um momento de muito constrangimento, quando o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), um dos representantes da ultra-direita do militarismo, entrou na sessão com o coronel Licio Augusto Ribeiro Maciel, que prendeu e interrogou Genoino, na época da ditadura.

O presidente da CPI do Mensalão, Amir Lando, saiu da mesa da presidência, foi até Bolsonaro e pediu discretamente que se retirasse do local com o coronel, mas não foi atendido. O que era para ser feito de forma discreta acabou tumultuando a sessão e interrompendo o depoimento. Parlamentares do PT protestaram e exigiram a retirada imediata do militar. "É uma forma de humilhação", disse Lando. "Mas Genoino não humilha", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante

Genoino ficou de cabeça baixa durante todo o tempo, fazendo anotações, enquanto parlamentares protestavam contra a atitude de Bolsonaro. Após o tumulto, o presidente da CPI ordenou a saída imediata do coronel.

Quem descobriu a presença do coronel na CPI, que se sentou ao lado de Bolsonaro nas cadeiras reservadas aos parlamentares, foi o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio que imediatamente avisou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Precedente

Em junho, o deputado Bolsonaro já havia provocado constrangimento na Câmara quando convocou uma sessão solene de tributo aos militares que desmontaram a Guerrilha do Araguaia. Ele levou como principal convidado o coronel Lício, que foi saudado por Bolsonaro como "herói do Araguaia".

O militar ocupou a tribuna por uma hora e fez um relato frio sobre a morte dos guerrilheiros e demonstrando orgulho da operação. Ele chegou a chorar ao falar de outros militares que estiveram com ele na repressão da guerrilha.

Responsável pela prisão do então guerrilheiro José Genoino em 12 de abril de 1972, o coronel, em tom teatral, se referiu diretamente a Genoino como se ele estivesse assistindo à sessão. "Genoino, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu prendi você na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não lhe demos uma facãozada, não lhe demos uma bolacha, coisa que me arrependo hoje", disse o coronel, que foi aplaudido pelo plenário composto de militares e mulheres de militares.

 
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